Mão única

Esta produção faz parte do trabalho desenvolvido pela professora Marta Soto com alunos do terceiro ano em 2011. Uma denúncia do descaso das autoridades para com nosso bairro. 

 

 

“Esta é uma história sobre as consequências da ambição e descaso com o ser humano.”

Véspera do dia das mães, um sábado a tarde. Dia bonito! Pelo menos até eu me deparar com uma cena curiosa..

Pneus queimavam em meio a uma multidão agitada que gritava. No início foi difícil entender o que diziam, porém, ao me aproximar, a compreensão melhorou.

Os choros e gritos chamaram minha atenção.

Me aproximei e vi uma senhora que em prantos segurava a cabeça de sua filha, já sem vida. Inerte e comovido, fiquei sem ação diante deste quadro tão triste e sem retorno.

Passei a ouvir os comentários e fiquei sabendo que a bela moça estava voltando de um ensaio para homenagear as mães e que seria apresentado no domingo.

Eu pensei:" Que presente amargo!” por puro descaso ou talvez ambição dos governantes locais.

Por que construir um viaduto de mão única em uma avenida, de um conjunto habitacional em que moram cerca de dez mil pessoas?

Penso que essas pessoas que criam e aprovam tais projetos, o fazem porque não moram aqui, não conhecem a realidade dos bairros periféricos, vivem em suas mansões, com suas famílias lindas e bem alimentadas, com boa educação e só aparecem nos bairros quando se aproximam as eleições.

Onde vai parar todo o dinheiro enviado pelo governo federal para estas construções ? Os viadutos que estão sendo construídos no contorno norte todos têm mão única, dificultando a vida dos transeuntes e carros que necessitam passar por ali todos os dias por quê?

Pelo que se sabe, as obras do contorno norte já foram paralisadas por irregularidades. Será que alguém a está superfaturando?

Por parte dos governantes, falta vontade política e compromisso com o povo que os elege.

Quanto à garota... bem... foi enterrada, a manifestação cessou, os protestos acabaram e cada um retornou para seu cotidiano.

E os políticos? O que fizeram? Estes... nem se importaram... Nada fizeram... a não ser um ou outro que foi ao enterro para que fosse visto pelo povo e assim garantisse mais alguns votos.

E por que se importariam?...

Mas na próxima eleiçao, tenho certeza de que todos estarão de volta, apertando as mãos dos moradores, com seus falsos sorrisos, oferecendo brindes para a população mais simples e ingênua, que dirá:

- Como são bonzinhos!

De toda essa história, restou na lembrança, as lágrimas daquela mãe, que nunca mais verá sua querida filha.

Quantas mães ainda terão que chorar para que algo seja feito ?


 Autores :  Brendo Rodrigues Costa,Jéssica Ferreira da Silva,Suelen de Souza,Camila Regina da Silva e Silva,Josiane Maria Montefoglia.