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quinta-feira, 22 de abril de 2010

haikai

O Haikai é uma pequena poesia com métrica e molde orientais, surgida no século XVI, muito difundida no Japão e vem se espalhando por todo o mundo durante este século. Expressam os pensamentos na forma de mitos, símbolos, paradoxos e imagens poéticas. É uma tentativa de transcender a limitação imposta pela linguagem usual e pensamento linear e científico que trata a natureza e o proprio ser humano como máquina. Para ler ou criar Haikai, é necessario ter introspeção e análise mais profunda fazendo-se perceber e descobrir curiosos e belos fatos naturais que de outra forma passariam despercebidos. O objetivo é capturar a essência do local numa poesia contemplativa e descritiva com grande valorização nos contrastes, na transformação e dinâmica, na cor, nas estações do ano, na união com a natureza, no que é momentâneo versus o que é eterno (ruptura do contínuo) e no elemento de surpresa.

É uma forma extremamente concisa de poesia que "gira" em torno de uma série bem definida de regras, mas nem sempre obedece sua forma original, podendo ser adaptada para diversas circunstâncias. Assim, existem poemas baseados em apenas algumas das características do Haikai:

Poesia de três linhas e 17 sílabas normalmente distribuídas na forma 5, 7 e 5 sílabas respectivamente em cada linha.

Assim como o "click" de uma máquina fotográfica, deve registrar ou indicar um momento, sensação, impressão ou drama de um fato específico da natureza. É aproximadamente a imagem de um "flash" ou resultado de um "insight" (=visualização/iluminação), cercado de pureza, simplicidade e sinceridade.



Não costuma haver posicionamento do poeta, pois é preferencialmente uma descrição do presente evitando comparações ou conceitos do tipo "isso é belo (ou feio), etc", evitando o aparecimento das fraquezas do ser humano perante a natureza.

Mais que inspiração, é preciso meditação, esforço e principalmente percepção para a composição de um verdadeiro Haikai.

Alguns exemplos de Haikai:


Solidão no ninho

 

O pássaro se assusta

 

no eco do trovão.

 

 

 

 

O sol poente

 

despede-se lentamente

 

do ipê no campo.

 

 

 

Toque colorido

 

na ponta do capim

 

pousa a borboleta!

 

 

 

 

Devagar devagar,

 

a folha sem escolha,

 

vaga pelo ar.

 

 

 

 

Rio seco

 

Silêncio sob a ponte

 

apenas o vento.

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